Práticas como a sauna e o banho de gelo têm ganhado popularidade por seus possíveis efeitos na saúde cardiovascular, mental e no alívio do estresse — mas exigem cautela e orientação médica
Práticas como a sauna e o banho de gelo têm ganhado popularidade por seus possíveis efeitos na saúde cardiovascular, mental e no alívio do estresse — mas exigem cautela e orientação médica – Getty Images

Imagine sair de uma sauna quentinha, deixar o corpo relaxar por alguns minutos e, em seguida, tomar um banho frio e revigorante. Essa combinação de calor e frio, conhecida como terapia de contraste, tem conquistado cada vez mais adeptos no mundo do bem-estar.

Muito comum em países como a Finlândia, a prática vai além da sensação agradável: estudos indicam que ela pode ajudar na circulação, no alívio do estresse, na recuperação muscular e até na saúde do coração. Mas, como tudo relacionado à saúde, é importante saber como e quando fazer — e para quem é realmente indicado.

Benefícios possíveis: do coração ao cérebro

Pesquisas realizadas na Finlândia — país com mais de 3 milhões de saunas para uma população de 5,5 milhões de habitantes — indicam que a prática frequente pode ajudar a:

  • Melhorar a circulação sanguínea
  • Reduzir a pressão arterial
  • Diminuir o risco de doenças cardiovasculares
  • Contribuir para a prevenção da demência e do Alzheimer
  • Aumentar o bem-estar mental e reduzir o estresse
  • Aliviar dores crônicas, como dores de cabeça tensionais

Segundo estudos liderados pelo cardiologista finlandês Jari Laukkanen, o uso regular da sauna — especialmente quando combinado com atividade física — pode reduzir significativamente os riscos de hipertensão e problemas cardíacos.

A sauna seguida de banho gelado é conhecida na medicina esportiva como terapia de contraste – Freepik

Atenção: nem tudo são vapores e endorfinas

Apesar dos efeitos positivos, o choque térmico exige cuidado, principalmente para pessoas com problemas cardíacos ou pressão desregulada.

O epidemiologista cardiovascular Setor Kunutsor, da Universidade de Manitoba (Canadá), alerta: “Na sauna, a temperatura do corpo sobe gradualmente de 37 °C para até 39 °C. Os vasos sanguíneos se dilatam, começamos a suar e isso reduz a pressão arterial”, disse à BBC. “O mergulho em água fria faz o oposto: os vasos se contraem e a pressão sobe.”

Casos raros, mas graves, de infarto, AVC térmico e até morte súbita já foram registrados — geralmente associados a consumo de álcool ou condições pré-existentes não tratadas.

Relaxamento, rituais e bem-estar emocional

Além dos efeitos fisiológicos, a sauna também tem um papel cultural e terapêutico.

Para a terapeuta Laura Foon, é como mergulhar no útero. Um ambiente quente, escuro e silencioso, que proporciona uma pausa no estado de alerta constante em que vivemos. “Mergulhar na escuridão reconfortante da sauna é profundamente curativo.”

Pesquisas também indicam que os rituais de sauna podem reforçar laços sociais e ajudar no processo de luto, como relatado pelo esquiador finlandês Juha Mieto, que encontrou conforto na prática após a morte da esposa.

Antes de começar, procure orientação profissional

Apesar dos indícios de que a sauna e os banhos frios podem trazer benefícios reais à saúde, a prática não é indicada para todo mundo. Pessoas com doenças cardiovasculares, pressão desregulada ou outras condições de saúde precisam redobrar a atenção.

Especialistas alertam que, antes de adotar esse tipo de rotina, é fundamental conversar com um médico e avaliar os riscos individualmente. O que é saudável para uns, pode não ser seguro para outros.

Como em qualquer prática ligada ao bem-estar, o mais importante é respeitar os limites do corpo e buscar orientação profissional antes de fazer qualquer mudança na rotina.

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Faz assessoria de imprensa, escreve matérias, produz conteúdo e ainda arruma tempo pra pensar em título criativo pra bio. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Um pouco de cada coisa e tudo em todo lugar ao mesmo tempo.

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